sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A busca pelo divino

Da emoção que aflora,na busca pelo que lhe é vital,seja nos bordados da fantasia,no grito que fica na garganta ,no eco das músicas de carnaval e nas lembranças,bagagem de sentimentos que dão origem a tudo o que se é,ainda que não se tenha consciência disso..Mas afinal o que nos move enquanto indivíduos,na ânsia de vivenciar uma paixão?
Do grego pathos,doença,apaixonar-se era para os antigos,contemplar o divino,na figura dos deuses do olimpo,atribuindo-lhes perfeição e devotando-lhes gota a gota cada minuto da existência.
Para a ciência,a paixão é a transferência para o outro de traços da própria personalidade,idealização,devoção,resgate de dores profundas pelas mãos daquele que o salvará do desconhecido de si mesmo,do mergulho nas próprias profundezas,sem saber onde terminará o caminho...Olhar para o outro,antes de olhar para si,compensar as próprias fraquezas na imagem narcísica de um objeto de desejo ,impossível posto que irreal,mas infinitamente belo aos olhos daquele que se deixa seduzir,uma vez que encerra a magia criada pelo próprio sujeito que o adorar...
Mas à lógica não cumpre explicar a necessidade humana de reverenciar o belo,das mais diferentes formas,tendo a arte como projeção essencial e a paixão como movimento...Ela é a respiração dos corpos,na evolução da dança,é o grito da torcida no momento do gol,é o toque das mãos no calor da luta,é a conjunção de palavras na oração,é o reflexo das cores na retina,é a composição de sons,na percepção da musica...é,antes de tudo,a busca de um sentir que vá além, que alcance o inimaginável,percorrendo distâncias infinitas,na imagem que se contempla ou na expressão dos sentimentos...Apaixonar-se é antes,a busca do divino no interior de si mesmo,construindo laços de significado que vão trançar-se não somente ao tangível,mas ao impalpável ...É tocar os céus,é grito de dor e êxtase,é lançar-se a mares desconhecidos,é interromper o curso do tempo, é atrever-se ao sim,contrariando o não do mundo,é tornar-se parte do absoluto e indecifrável mistério de existir.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Voz no Ouvido

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2009.
Pelo nascimento de meu afilhado Gabriel, cujo nascimento proporciona tamanha alegria. A ti, com imenso carinho:
É a corrente da vida. Tantos corações pulsando ao mesmo tempo, com aquela certeza que só os olhos comportam. O fruto é singelo e mostra sua força no sorriso despretensioso pela chegada de um ente querido. Novos laços. Ao pensar nessa conjunção, faz-se a voz embargar as palavras. Basta a felicidade: o significado da união vale a apreciação do destino. Traços sinceros resgatam a responsabilidade, ora inexistente, daqueles que devem ter cuidado, agora, pelo resto de suas existências.
A necessidade faz a hora. As experiências caçoam da gente, mostrando que deste plano nada levaremos. O que fica é o cheiro da surpresa, o momento dos encontros e o bem-querer.
A canção da vez é a de ninar. E que a nossa presença permita a configuração de parte importante de teu berço. Teus olhos fortes reparam um mundo próprio, inédito ao conhecimento, que requer na paz tua maior motivação.
A saúde é o principal estímulo para a renovação de nossos conceitos. Naquela tarde de janeiro de 2009, o céu estava azul e intenso, como se abrisse espaços para a sua chegada. Aos meus passos longos se unia a vontade de vislumbrar essa luz que te protege. Não havia neste dia 30 algo que me fizesse mais feliz. É uma recompensa de Deus.
Que o sabor de sua jornada se fortaleça através de nossas preces, antes mesmo que possamos dizer a ti o quanto é amado e querido no meio de nós.
Do padrinho "dindo" Filipe para Gabriel.