terça-feira, 5 de maio de 2009

Taberna das Ilusões

Lá é a morada dos sonhos. Como se fosse o palco extraordinário, ainda que nos mostrasse sempre a estreia de nossos ideais. Aquela paz, estimada brisa sobre os olhos fechados, à beira do horizonte de nosso silêncio, pedindo veementemente que o tempo demore a se recolher e que as lembranças não se esqueçam jamais.
Um pedaço de terra e o encanto de cada dia, mais novo toda vez. O símbolo é a pegada que deixamos a cada passagem e o retorno é mesmo a confirmação da saudade. Lá celebramos o amor, a vida, a saúde do corpo e da mente, o beijo inesquecível, a calma do mar, a expiação do mal que impregna os homens, além do apogeu de espírito na fugacidade dessa caminhada.
O espelho do mar é o índice da lógica humana presente na razão natural das coisas. O coincidente reflexo da luz do pensamento faz de nossa existência a entranha mais profunda e enigmática de todos os prestes seres. A preparação força o ânimo a desviar da incerteza e transformar a ignorância em lucidez. Cada contato esconde o poder quase perturbador da solidão.
A vida não deixa brechas para o reaproveitamento das oportunidades. Um lance é único em sua ocasião. E nesse vivenciar proporciona acontecimentos indescritíveis em sua cadência ao histórico de um acontecimento. O repente surpreende a forma visceral do amor e despeja de sopetão as pinceladas intensas da caudalosa experiência embutida na maturidade dos anos a mil, sem eiras, na precisão do universo imaginário.
O segredo do abismo é o medo do fim. Não se espera outra revelação distante da morte. E o revés seria o milagre: renascimento. Dupla face do destino na amostra do livre arbítrio. O resquício de alívio está contido no desperdício do calabouço da ousadia; os riscos são as fontes intermináveis da honra e destreza no nicho das espécies coletivas.
É a verdade da vida. Videiras varrem as ruas, volta e meia, velando o nosso descanso e vidrando o cansaço inalcançável da atividade rotineira em seu repertório espontâneo. Sopro de pressa alerta solo sereno em fúlgidos campos, na fortaleza desse teu abraço estonteante e na alegria da certeza de tua companhia. E nada restou de tamanha comoção...
Sonhos procuram nosso íntimo nas profundezas da inércia. Cinco novas sensações se aviltam em meio ao orgulho da posse indireta de tuas manias em maneiras. E o ocaso não guardou a oportunidade de castigar o esquecimento da nobre causa.
O sabor do beijo é doce e espera a maciez do momento para não trepidar detalhes. O acordo entre as partes reincide na alegria e no respeito de suas atitudes. O estreitamento dos laços incorpora o vigor suficiente para a lucidez da paixão. O relicário do alvoroço na estreia das entrelinhas, com os acordes múltiplos da indiscrição corporal, modifica o cenário fugaz de nossa hesitação (excitação), a priori instigada pelo poder de nossas vontades e escolhas.
Chances próprias se perdem na interminável perplexidade proveniente das vicissitudes cotidianas; o rancor arraiga a devassa e esperançosa contenção do alívio alheio, desviando a colheita dos frutos sadios no jardim da saudade. Leviandade abrupta e sincera.
A sorte aparece como raro trunfo na trajetória do erro. É como a agulha no palheiro, tanta camuflagem do que a verdade possa nos mostrar que, até mesmo a sombra, esconde, sem querer, a inconfortável angústia pela vitória. A garantia prova o esforço na fonte “despedaçada” dos moldes “intactos” de singularidade na história de dia após segundo... A impressão é o que fica insistentemente doce. Lá não é local de acordar.